quarta-feira, 14 de abril de 2010

Champanhe ou Cianureto?

     “Para que escrever? Nada adianta nada”, a dúvida do sensacional Arnaldo Jabor é motivo de reflexão para todos (que como nós) buscam no mundo da Comunicação um sentido para vida. A serenidade da massa que acompanha, como diz o Cazuza “o futuro repetir o passado” é motivo de grande preocupação a nós futuros profissionais de Comunicação, sendo assim, formadores de opinião.
     É importante ressaltar que este grande museu dos fatos só acontece nas atitudes ruins, haja visto que, o grande valor humano se perdeu e confiar no ser humano hoje é virtude de poucos. Várias vezes nos deparamos com situações que nosso país viveu no passado. Passado este, muito vivo na memória dos cidadãos que passaram por este período de ditadura, período de repressão na recente história brasileira. E nós, digo sociedade de maneira geral, assistimos tudo isso como uma grande platéia na inércia, muitos até extasiados com esse grande circo. Os que lutaram pela democracia, jamais esperavam ouvir Censura, Disputa pela Liberdade de Imprensa outra vez, afinal, se não houver liberdade de expressão na há democracia.
     Ainda temos nosso cenário político, que não sei se chamo de cenário ou picadeiro. É totalmente inaceitável que hoje vários políticos que têm seus nomes ligados aos grandes escândalos da história da República e foram contra a democracia de nosso país, sejam ainda nomes de grande influência na politicagem deste país. Até quando a retórica destes homens convencerá a sociedade? E até agora só falamos em política nacional, que na realidade está um pouco perdida, ideologia partidária hoje só nos livros de História do Brasil, os políticos ditos de esquerda são agora de direita e vice-versa, porque a política hoje nada mais é que interesse pessoal. Se analisarmos a situação no mundo veremos que não é muito diferente. E quando nasce a esperança de todo o Mundo em um homem negro presidente norte-americano, esperança essa que um dia também a maioria de nós brasileiros depositamos num presidente de origem humilde, mais uma vez “eu vejo o futuro repetir o passado”. A ditadura se espalha mundo a fora, na Venezuela o Hugo Chavéz, mandou fechar emissoras de Tv, repreende protestos da população e é o dono do poder enquanto isso nosso presidente, líder Sul-americano (mas, acima de tudo amigo do Chavéz), é complacente ao grande amigo. Será que isso não nos trará algum problema? Pior que tudo isso é saber que na política vão se os dedos, mas, ficam os anéis, mudam as caras, mas, as atitudes, são as mesmas e mesmo assim, nos resta um pouco de esperança.
     Não dá para entender como ideologias se perdem tão facilmente, como nascem tantas nomenclaturas de igrejas protestantes com simples interesses em lucros e se firmam, aproveitando da ignorância do povo. Não entendo como a Igreja só se manifesta quando lhe convém e se abstém de opinião quando é contestada. Religião seria ligação do homem com Deus, infelizmente vejo que hoje é a fácil ligação dos líderes religiosos em ganhar dinheiro de seus fiéis. Também é difícil compreender a necessidade da mídia em criar celebridades instantâneas que só são chamadas assim quando estão com “tudo em cima”, enquanto nomes de grande importância da história cultural de nosso país são jogados ao esquecimento. O pior é que a mídia, usando de seu poder de domínio sobre a massa, que nos fazer engolir redondo aquilo que é quadrado.
     E a nós, futuros profissionais da Comunicação, resta a esperança que, através de nossas atitudes e palavras, possamos mudar esta realidade, para um dia quem sabe, possamos responder diferente ao “Para que escrevemos?”, respondamos que escrevemos para uma sociedade ativa, conhecedora da força que exerce numa democracia. Então, um dia, não teremos mais a dúvida que atormenta ao Jabor: de nos unirmos aos oportunista e comemorar com uma “flute” de champanhe a ignorância de nossa sociedade, ou continuar com este olhar crítico e nos desesperar vendo como solução uma dose de cianureto.


“Texto inspirado no artigo “Devo Pedir Champanhe ou Cianureto?” de Arnaldo Jabor, publicado no jornal Estado de São Paulo em 22 de setembro de 2009.”

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