O Carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e conhecidas do mundo. Mas o que ele significa se não a época em que podemos libertar nossos sonhos trancados dentro de gavetas repletas de poeira durante todo o ano e se esbaldar de tudo o que julgamos ser proibido? Mulheres aparecem nuas na TV sem qualquer vestígio de timidez, a bebida – e até mesmo drogas ilícitas, vale ressaltar – rola solta, e o povo parece se esquecer completamente de suas obrigações durante esse período.
Deixamos as dívidas, que tiram nosso sono constantemente, para outro dia, e os problemas decorrentes do trabalho/escola/faculdade só depois da quarta-feira de cinzas. Assaltos e óbitos que estampam a capa do nosso jornal todos os dias, são substituídos por fotos de belas mulheres e reportagens sobre as escolas de samba no carnaval. Afinal, quem quer saber de notícia ruim nessa época do ano?
Mas como tudo que é bom, dura pouco, logo a terça-feira gorda chega ao fim e na quarta-feira de cinzas, dia para – dizem os cristãos católicos – se purificar de hábitos pecaminosos e se arrepender dos erros cometidos nos últimos quatro dias, acordamos para a vida, e damos de cara com tudo aquilo que foi adiado. Os lembretes das dívidas a serem quitadas continuam pregados na geladeira, e o trabalho ou estudo que foi deixado pra depois já está a sua espera. E não adianta pestanejar, essa é a realidade e por mais dura e cruel que possa parecer, não pode ser esquecida para sempre, temos RESPONSABILIDADES. Mas que palavrinha chata, não?
Não demora muito a gente se acostuma. Voltamos aos nossos papeis, e deixamos as máscaras de papel para serem usadas no próximo ano, junto com as outras máscaras, as que escondem nosso verdadeiro “eu”, e nos permite fazer o que, sem ela, parecia impossível.
(Texto inspirado na crônica "Um pós-carnaval" de Roberto da Matta, publicado no caderno 2 do jornal "O Estado de São Paulo", quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010)
Parabenizo os alunos do 1° período de comunicação social da Fafic, pelas análises textuais de autores fantásticos e inteligentes desse País, como Roberto Da Matta, Jabor, Veríssimo, entre outros. Logo, fazer uma reflexão sobre a comunicação social como consciência crítica, pegando um gancho no que esses autores expressam,demonstra que vcs estão de fato, comprometidos em ser profissionais que não se deixam/deixarão alienarem-se por realismos perversos da contemporaneidade.
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