Para o público não faz muita diferença. O que vale é poder saborear a emoção de cada desdobramento da historinha, para poder comentar os últimos detalhes com os amigos e colegas de trabalho, em rodas de conversa. E, como em épocas de Copa do Mundo todo brasileiro é técnico de futebol, agora todo mundo é investigador policial. Cada pessoa tem sua própria versão para responder a pergunta do momento: “quem matou Isabella?”. Desde o assassinato de Tais, personagem da novela Paraíso Tropical, o brasileiro não exercitava tanto sua lógica investigativa. 
Para aplacar tamanha avidez por novidades, haja exposição do tema na mídia. Todos os dias, a historinha da morte da criança é contada e recontada, na TV, no rádio, na internet e nos jornais impressos, do mesmo modo como é tratado o resultado do “paredão”, uma partida de futebol decisiva, um capítulo final de novela ou mesmo um detalhe picante da vida de uma “celebridade” televisiva. 
O que pouca gente consegue entender é que há uma inversão neste caminho. Não foi entre o público que surgiu o interesse pela morte de Isabella, demandando uma produção contínua de notícias sobre o caso. Foi, sim, a própria mídia quem construiu esse interesse, levando o público a uma comoção. Quem preferir pode chamar esta prática de manipulação, mas, no jornalismo, ela tem o nome de “agenda mento”. 
A mídia precisa, permanentemente, de um tema palpitante para noticiar. Pode ser um escândalo político, um desastre, um grande evento ou... um crime. 
Nestes episódios de grande exposição, a mídia explora cada tema até a exaustão. Depois disso, os descarta. 
Conclusão: a espetacularização da notícia não colabora em nada com a sociedade, a não ser no agravamento de uma sensação de insegurança, de impunidade e de corrupção generalizada.
 
 


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